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domingo, 26 de setembro de 2010

Riqueza

Ele trabalhava duro o dia inteiro para conseguir ao final de um mês o suficiente para se manter sob um teto e colocar pelo menos arroz e feijão no cardápio de sua família. Essa que era composta apenas por ele e sua esposa. De vez em quando um simpático cãozinho ladrava a porta, e acabava por também se valer do suor do homem da casa. 
      
Ela de vez em quando conseguia nas casas vizinhas algumas peças de roupa para lavar. Quando isso acontecia, ela com muito carinho preparava um banquete para o marido. E isso significava um bom bife com batatas fritas. O que ela recebia rendia geralmente três bifes e duas batatas grandes.
      
Todas às noites eles se sentavam á mesa para jantar á luz de um lampião. Nos dias de banquete, além do lampião ela colocava sobre a mesa uma pequena vela acesa. Quando ele chegava, sempre trazendo uma rosa para ela, encontrava tudo preparado. Panelas no fogão espalhando aroma pela casa. Sobre a mesa, pratos, talheres e uma jarra de água fresca que ela retirava do poço todas as tardes. Ele sempre fazia questão de que ela se servisse primeiro. Mas ela sempre fazia questão de servi-lo primeiro. Dos três bifes ela colocava dois para ele. Ele por sua vez, ao receber o prato, partia um dos bifes ao meio e passava uma das metades para ela. Ele enchia com água o copo dela e ela o dele.
       
Durante o jantar, eles conversavam sobre o dia um do outro. Riam de piadas antigas e gastas. Relembravam episódios quase esquecidos. Compartilhavam sonhos e alegrias. Eles não tinham nada e ao mesmo tempo tudo.

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